sábado, 6 de outubro de 2007

Como alcançar a felicidade


“Os seres humanos são a única espécie, entre o céu e a terra, que se atormenta com a sobrevivência, como se a natureza não lhe oferecesse graciosamente tudo que precisa para ser feliz. Por que será, então, tanto tormento?”. (Oscar Quiroga)

Você pode possuir tanto dinheiro quanto puder gastar, ter todas as mulheres ou homens que quiser, e ler todos os livros de auto-ajuda que conseguir, ainda assim, só terá momentos de felicidade. A cada sonho realizado, um novo surge, para cada sonho de consumo alcançado, há sempre um próximo, que ainda, vem acompanhado do medo de perder o que já conquistou. Estamos eternamente a procura de uma resposta para uma pergunta que nem sabemos exatamente qual é. O mundo desaba ao menor sinal de um novo problema, seja ele grande ou pequeno, aliás, problemas pequenos não existem, a não ser os dos outros, os nossos, são sempre grandes problemas.

O sonho de ganhar muito dinheiro, como forma de atingir a felicidade, é disparado, o mais recorrente. Dez entre dez pessoas sonham ficar ricas. Mas, uma pesquisa recente, publicada em uma revista semanal de grande circulação, apontou, que o ditado, “dinheiro não traz felicidade”, ao contrario do que todo mundo pensa, tem sim um fundo de verdade. Segundo a pesquisa, a sensação de felicidade provocada pela compra de algum novo objeto de desejo, não dura mais que alguns dias, sendo substituído mais tarde por um novo fetiche.

O sonho de um corpo “perfeito” é o mais comum dos dias atuais. Ter uma boa aparência é cada vez mais associado a uma vida feliz. Baseado nisso, seria natural pensar que modelos e manequins são pessoas felizes por terem um visual, tido como ideal de beleza. No entanto, uma outra pesquisa, publicada na mesma revista, mostrou que mais de 90 % das modelos entrevistadas não estão satisfeitas com a aparência, e gostariam de mudar alguma coisa.

Alguns poderiam dizer que a felicidade não se encontra no mundo material, mas, em Deus. Estando o acesso a Ele sob monopólio das religiões, só poderíamos supor que, para sermos felizes precisaríamos nos dedicar a uma religião. Se for assim, diria que, a julgar pela enorme quantidade de religiões existentes, estaríamos salvos. Mas, infelizmente, não parece que isso tem ocorrido, o mundo ainda anseia intensamente alcançar a felicidade plena.

Onde Deus teria escondido, então, a chave que abre os portões do castelo da felicidade absoluta? Será mesmo que em vida nunca poderemos alcança-la? Ou será que estamos procurando nos lugares errados?

A resposta é bem mais simples do que imaginamos, e o que é melhor, o fenômeno que irá transformar-nos em seres plenamente felizes, já está ocorrendo em todo o globo, neste exato momento.

Guerras, fome, miséria, essa é cara do mundo em que vivemos. Nos paises pobres as pessoas são exploradas até o limite em seus trabalhos, e ainda, devido a circunstancias, devem considerar-se privilegiadas por estarem trabalhando. Enquanto outros cidadãos, desses mesmos paises, querem a qualquer preço ocupar vagas em subempregos nas nações industrializadas.

Os meios de comunicação de massa se esforçam para tirar de nós os últimos vestígios de inteligência e senso critico. Tomamos o rumo da barbárie. Estamos nos desumanizando ao ritmo do capitalismo. Vivemos a era da involução e chegaremos, em breve, a irracionalidade. A humanidade, como caranguejo na lama, caminha sem pausa rumo a selvageria.

O teólogo Leonardo Boff, certa vez declarou que falar de direitos humanos no Brasil é um luxo, já que aqui muitas pessoas não têm os seus direitos mais básicos atendidos, como a necessidade de matar a fome, por exemplo. Adultos, jovens e crianças vivendo nas ruas, tentando sobreviver dos restos e da caridade de estranhos.

E tudo isso, é ótimo! Quanto mais nos distanciamos da realidade que nos cerca, quanto menos conhecimento de nossa condição de superexplorados tivermos, enfim, quanto mais nos afundamos na ignorância e na alienação, fomentada por nossa rotina de trabalho e televisão, mais entorpecidos ficamos diante da tristeza a nossa volta. E os miseráveis, esses sim, estão mais próximos do que nós da felicidade absoluta, não sonham alcançar mais nada na vida, não esperam conseguir mais do que um lugar para encostar a cabeça. São como animais, e como tais, não sofrem com sua condição, pois a consciência de si mesmo, é privilégio dos humanos.

Mas, infelizmente esse fenômeno não atingirá a todos. Os ricos e poderosos, que tem acesso à cultura, educação, bons livros, televisão a cabo, internet. Comem nos melhores restaurantes do mundo, viajam por todo o mundo, coitados, ficarão de fora. Condenados ao tormento incessante de sua condição humana.

Um comentário:

enivaldo disse...

A felicidade plena não existe, apenas momentos. E pra isso você tem que batalhar muito. mas só depende de voce, então é só relaxar e gozar.